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sábado, 24 de novembro de 2012

GRITANDO CONTRA O VENDAVAL


Já se viu em meio a um vendaval na companhia de alguém? Eu já. Foi no inverno carioca de 2011. Certa noite fazia muito frio e os ventos estavam fortíssimos. Eu e um de meus filhos, Andrew, decidimos brincar para ver quem aguentaria por mais tempo ficar no vento e no frio sem ter que voltar para dentro de casa. Saímos para a varanda do meu quarto, ele de um lado e eu do outro. Andrew estava mais próximo da fonte do vento e, por isso, me vi completamente frustrado ao tentar falar com ele. Sim, pois, embora estivesse ao meu lado, ele não conseguia me ouvir, o vento não permitia. As ondas sonoras que saíam de minha boca simplesmente eram rebatidas. Foi divertido. Mas aquela noite alegre me faz lembrar de algo que não me alegra. Pelo contrário, é algo que me frustra tremendamente.

Tenho procurado alertar a Igreja sobre práticas e conceitos que estão fazendo com que sua alma definhe. A Igreja está doente. Seus membros, muitos deles, simplesmente não são cristãos. Seu louvor é superficial. Seu culto se limita ao momento da reunião pública. Quando vão para o altar, não levam corações cheios de devoção. Sua vida não é piedosa – ou seja, não é uma vida cheia da noção da presença de Deus. É uma vida entregue às paixões que inflamam todos. Seus sonhos de consumo, seus amores secretos, seus interesses mundanos e o seu prazer tão bem guardado se acha nas coisas que se contrapõem à vida espiritual. Entretêm-se com o mal. Agradam-se de assistir a filmes e novelas onde imoralidade, sexo ilícito, violência e opressão dos fracos desfilam pela tela para o deleite dos espectadores. Deixam que o seu sangue ferva com a violência de uma boa briga, seja uma luta de vale tudo ou um filme de ação. Contorcem-se com risadas quando ouvem piadas chulas. Têm prazer em contemplar a indecência alheia (sim, “porque ninguém é de ferro”, dizem).

Então se arrastam para  a Igreja, atrasados, de ressaca mundana, com as mentes transbordando de imundícies e sonhos de riqueza e vingança. E cantam…. cantam as músicas que tão eloquentemente expressam sua forma de falso cristianismo: “Restitui”, “esta é uma festa de virada”, “vou profetizar a minha vitória” e por aí vai.

Amigos do mundo e inimigos de Deus, empanturrados de paixões que não saciam a alma, dizem que o culto “foi uma benção”. Defendem as suas músicas prediletas porque “os abençoou”. Curtem a última mensagem de prosperidade, porque o pregador “é uma benção”. E, no fundo, não fazem a menor ideia do que seja ou não uma verdadeira bênção espiritual. Prostituem esse conceito bíblico para expressar o seu prazer no que seja. Como bêbados que mandam beijos e assoviam para a garçonete num bar, embriagados pelo mundo cantam de mãos levantadas – e até com lágrimas – cantigas que mais parecem música americana enlatada, mas que nem de longe afirmam as velhas verdades da fé cristã.

Denuncio suas músicas esotéricas. Repudio seus cultos falazes. Sugiro que seus mentores são os anticristos que João denunciou na sua primeira carta. Mas a onda populista e mundana que varre a Igreja dos nossos dias lembra-me aquele vento. O vento que rechaça a minha voz. O vento que faz com que eu sinta que ninguém esteja ouvindo, embora, por forçar meu grito, eu esteja até ficando rouco.

Há outras vozes. São a minoria. Há homens e mulheres de fé, tanto os que deixaram sua voz em livros que muitos nem se dão mais ao trabalho de ler quanto os que envergam as vias mais avançadas da nossa atual tecnologia de comunicações.

A Igreja está sendo varrida. É um vendaval de mundanismo, triunfalismo e populismo. É um vendaval de sucesso numérico. Os anjos choram. As paredes das veneráveis catedrais desmoronam. O inimigo acha que nos derrotou. Mas não é verdade. Há um remanescente. E, no fim, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor. Para alguns será um dia glorioso. Para a maioria, inclusive a supostamente cristã, será um dia aterrorizante. Dirão… bem… melhor deixar o próprio Senhor contar como será:

“Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram. Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas?

Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão! Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres? ’ Então eu lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal! ’

Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seu alicerces na rocha. Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda”. (Mt 7.13-27)

Ó Deus, tem misericórdia de nós. Eu sinto o cheiro de chuva no ar e tremo.

Na paz,
+W

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

POSSO OUVIR MÚSICA QUE NÃO SEJA CRISTÃ?


FONTE: http://www.waltermcalister.com.br/site/posso-ouvir-musica-que-nao-seja-crista/

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A ORAÇÃO DO DIVÓRCIO - PR. CLAUDIO DUARTE


PORQUE NÃO GUARDAMOS O SÁBADO?


FONTE: http://www.waltermcalister.com.br/site/porque-nao-guardamos-o-sabado/

Estudos Sobre o Batismo (parte 2) - Significado dos Termos no Grego Judaico




INTRODUÇÃO:

Estamos neste estudo respondendo à pergunta: Batizar é imergir?

Já vimos que no grego clássico a resposta é não. E vimos também que mesmo que o fosse isso não afetaria o sentido da palavra no NT, pois há várias palavras que receberam conotação diferente no NT do que tinham no grego de então: a palavra Logos e sarx (carne), são bons exemplos disso.

A palavra ceia, também recebeu novo sentido no NT. “Ceia”, nos tempos de Jesus, designava uma refeição completa, jamais significa comer um pedacinho de pão e beber um gole de vinho. Aqueles que “implicam” com o batismo com pouca água, por causa do sentido da palavra, deveriam também rever a celebração da ceia.

Charles Hodge, relacionando batismo e ceia, diz:
“Simplesmente, acreditamos que o modo de administrar o batismo é de importância relativa. Ou seja, não achamos que a validade dessa ordenança dependa da quantidade de água empregada ou do modo como a água é aplicada. 

Da mesma forma, a validade do outro sacramento – santa ceia – não depende do modo de administrá-lo.Supomos que todos aceitam essa maneira de ver a questão, pois se pode receber a santa ceia de pé, sentado, ajoelhado ou deitado; ao mesmo tempo em que se celebra um ágape [festa de fraternidade] ou não; na casa de um enfermo, na igreja ou no bosque; com mais ou menos pão ou com mais ou menos vinho.

Na verdade, não foi estabelecido um modo definido para celebrar a ceia do Senhor. Porém, o fato é que, segundo cremos, não há uma única denominação cristã que pretenda celebrá-la exatamente como o Senhor a instituiu. 

Por que, então, o modo deve ser tão importante quando se trata do batismo? Essa pergunta não tem resposta satisfatória. O modo de celebrar o batismo é, relativamente, de pouca importância. Há questões de muito maior relevância às quais devem dedicar-se os cristãos” [1]

Vejamos, agora, o uso das palavras bapto e baptizo, no “grego judaico”, que é o que realmente importa para se definir o significado delas no NT, uma vez que os autores do mesmo eram judeus.

O SIGNIFICADO DE BATISMO NO “GREGO JUDAICO”:

Se quisermos entender o significado de uma palavra no NT, temos que verificar o uso dela na LXX (Septuaginta – tradução do AT para o grego – esta foi a Bíblia usada pelos autores do NT), bem como verificar o uso da mesma no Novo Testamento.

Pois bem, perguntamos: Batismo no “grego judaico” e no NT significa exclusivamente imergir? Respondemos: Definitivamente não!

Agora temos que tratar de provar a afirmação feita acima:

Vejamos o uso de bapto e baptizo na Septuaginta e nos apócrifos judaicos.

1 – Na LXX, em Daniel 4.25, é dito que “Nabucodonosor foi batizado [bapto] com o orvalho do Céu”. Claramente esse batismo não foi por imersão; mas o sentido da palavra batismo no texto é que o orvalho caiu sobre ele.

2 – No livro apócrifo de Judite, no capítulo 12, verso 7, é dito que Judite todas as noites ia a uma fonte e se batizava (baptizo).
                Se baptizo significa sempre imergir, então o autor está querendo dizer que ela mergulhava na fonte. Se porém o sentido da palavra pode ser purificar ou lavar, então o texto apenas está dizendo que ela fazia suas abluções na fonte; e estas abluções, purificações cerimoniais, eram feitas por aspersão, como veremos adiante.
A fonte estava dentro dos limites do arraial para o uso de um exército de imensas proporções (exército inimigo). Um acampamento cheio de soldados inimigos não é um lugar próprio para uma mulher se banhar, ainda mais de noite.

3 – Em Levítico 14.6 é dito: “Tomará a ave viva, e o pau de cedro, e o estofo carmesim, e o hissopo e os molhará no sangue da ave que foi imolada sobre as águas correntes”. Na LXX a palavra traduzida por “molhar” é bapto. O texto diz, então, que uma ave viva, o pau de cedro e o estofo carmesim, deveriam ser batizados no sangue da ave que foi imolada.

É obvio que o sentido de bapto no texto não é imergir, porque é impossível imergir todas estas coisas no sangue de uma única ave.

Logo, temos aqui mais um exemplo do uso de bapto com um sentido de molhar e não de submergir.

4 – Na LXX, mesmo quando bapto significa submergir, não significa submersão completa (cfm. Lv 4.17, Rt 2.14, Js 3.15, 1Sm 14.27, Sl 68.23).

5 – O livro apócrifo de Eclesiástico, escrito em cerca de 150 a.C, deixa claro que a palavra baptizo era usada para descrever a purificação por aspersão. O texto diz: “Se aquele que se lava [batiza] após ter tocado num morto, torna a tocá-lo, de que lhe serve ter-se lavado [batizado]?”. Um irmão batista argumentaria agora que o batismo a que o texto se refere poderia ser por imersão. Contudo, o autor era judeu e ele estava fazendo referência à cerimônia de purificação ordenada na lei para o caso em que um homem tocasse no corpo de algum morto, e esta purificação era feita por aspersão, conforme se vê em Nm 19.13: “Todo aquele que tocar em algum morto (...) e não se purificar (...) será eliminado de Israel; porque a água purificadora não foi aspergida sobre ele, imundo será; está nele ainda a sua imundícia.” (veja também os versos 9, 11-12, 19 e 20).

O sentido do texto de Eclesiástico, então, é: “Se aquele que se asperge [batiza] após ter tocado num morto, torna a tocá-lo, de que lhe serve ter-se aspergido [batizado]?”.

6 – Os judeus, conforme vimos, usavam a palavra batismo para se referir às purificações por aspersão ordenadas no AT. Que estas purificações eram por aspersão, fica claro, além do que já foi mostrado acima (Nm 19), pelos seguintes textos: Ex 30.18-21; 2Cr 4.6; 1Rs 7.27-39. Estes dizem que as mãos e pés dos sacerdotes eram purificadas por água da bacia de bronze, da qual ela era derramada por meio de torneiras.

Portanto, batismo é sinônimo de purificação, a qual era por aspersão.


CONCLUSÃO:

            Respondendo à pergunta: No grego judaico batizar é imergir? Afirmamos que não.

Bapto e baptizo eram usados pelos judeus também no sentido de molhar e aspergir; e mais importante ainda, eram usados para se referir às purificações por aspersão no AT, purificações estas que são os antecedentes do batismo no NT.

            Quando Jesus ordena o batismo, ele o faz num contexto em que o termo era usado no sentido de aspergir ou derramar pelos judeus. E o Cristo, no entanto, não alterou o significado do vocábulo e não ordenou que tal batismo deveria ser por imersão. Isso só tem uma explicação: O próprio Cristo jamais pensou que o batismo deveria ser por imersão, mas por aspersão, conforme a prática e uso comum entre os judeus.

            Querer impor o batismo por imersão como a condiçãosine qua non para que o mesmo seja válido é fazer o cristianismo mais farisaico do que os fariseus jamais sonharam; pois estes faziam seus batismos por aspersão, sem problema algum.


No próximo estudo veremos o uso que os autores do NT fazem dos termos em questão.



BIBLIOGRAFIA

[1] Charles Hodge, O Batismo Cristão: Imersão ou Aspersão? (Editora Cultura Cristã)   

Outras fontes utilizadas neste estudo:

Charles Hodge, Teologia Sistemática (Editora Hagnos)

A. A. Hodge, Confissão de Fé de Westminster Comentada (Editora Os Puritanos)

LXX (Septuaginta): Programa Bible Works

Rev. Maurício de Almeida Soares


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Estudos Sobre o Batismo (parte 1) - Significado dos Termos no Grego Clássico



INTRODUÇÃO

Este estudo é parte de uma série sobre a forma do batismo. A perspectiva do mesmo é a de uma defesa do batismo por aspersão. Nosso propósito não é polemizar ou ofender algum irmão que tenha pensamento diferente, mas dar a todos os que nos pedirem, uma razão da nossa fé.

Muitas vezes os imersionistas nos acusam de praticar um batismo não bíblico. Como entendemos que a forma de batismo é secundária, não damos muita ênfase à questão. Isso, às vezes, parece dar a impressão de que não estamos seguros da nossa posição, e que não podemos defendê-la pela Bíblia. Este estudo é uma resposta às acusações que sofremos.

É importante ressaltar que a Bíblia apenas ordena que se batize em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, sem estabelecer nenhuma forma específica. Toda a discussão, portanto, gira em torno do significado da palavra batismo. O argumento mais conhecido dos imersionistas, especialmente os batistas, é que batizar é imergir, e imergir é batizar. Vamos, então, estudar o significado dos termos bapto e baptizo no grego clássico e no grego judaico para demonstrar que a questão não é tão simples como querem fazer parecer os imersionistas.

SIGNIFICADO DOS TERMOS NO GREGO CLÁSSICO:

Os batistas têm, historicamente, insistido que no grego clássico Bapto e baptizo significam imergir e que, portanto, quando Jesus ordenou que batizássemos os discípulos, ele ordenou que os imergíssemos. Eles estão tão certos de que a ordem é para imergir, que, alguns estudiosos batistas, chegam a ensinar que se não for possível imergir em água, deve-se imergir em areia.

Contudo, verificaremos que estes termos não significam exclusivamente imergir na literatura clássica.

O estudioso James W. Dale [1], em seu livro Classic Baptism, faz um extenso estudo do uso das palavras no grego clássico e dá vários exemplos em que são empregadas com outros sentidos que não imergir; eis apenas alguns [2]:

A água, quando é derramada sobre o vinho o batiza.
Sangue derramado sobre um lago o batiza (tinge)
Fala-se de alguém que batizou (tingiu) o cabelo
Um ator grego, segundo Aristófanes, batizava o seu rosto com a borra do vinho para pintá-lo
Um homem bêbado é um homem batizado (intoxicado ou sob a influencia do vinho)
Um homem que usou alguma droga foi batizado por ela
Um homem que bebe na fonte da Silenius se torna um homem batizado
Um homem envenenado foi batizado com o veneno
Uma pessoa preocupada com problemas, foi batizada por eles
            Plutarco fala de um homem que tendo imolado um inimigo ficou com as mãos batizadas com o seu sangue

            Em nenhum destes e de muitos outros casos, o sentido é de imersão. Seria absurdo traduzir cada um destes exemplos como imergir.

No grego clássico a palavra é usada em mais de cem sentidos diferentes. Para citar apenas alguns: tingir, morrer, intoxicar, envenenar, embriagar, sofrer um choque psicológico, estar oprimido pelo mal, pela raiva ou infortúnios, estar deprimido, sobregarregado, estar com sono, ser muito afetado por um evento, estar incapacitado, estar debilitado etc.

           O Dr. Dale define assim o termo batizar: "Tudo o que é capaz de mudar completamente o caráter, estado ou condição de qualquer objeto, é capaz de batizar esse objeto; e é por essa mudança de caráter, estado ou condição que de fato o batiza"

O significado da raiz da palavra grega sugerida por muitos estudiosos da Bíblia, é a "identificação", e não “submersão”. Nos exemplos dados acima, fica clara a ideia de identificação.

Contudo, vamos imaginar um cenário irreal, em que as palavras bapto e baptizo realmente significassem exclusivamente imergir (o que, conforme vimos, não é verdade); ainda teríamos um sério problema em estabelecer a forma de batismo por meio do uso destas palavras, pois em vários exemplos do uso no grego clássico, em que elas significam imersão, não significam submergir totalmente: há por exemplo no grego clássico o relato de soldados que foram batizados (imersos) até os peitos num brejo.

Mesmo que Jesus quisesse dizer, quando ordenou o batismo, que praticássemos a imersão, não significaria, pelo significado da palavra, que deveríamos imergir todo o corpo. Será que não significaria para imergir apenas o dedo? Ou os pés? Ou imergir o candidato só até o peito (como os soldados)?

E mais, pelo uso da palavra no grego clássico, Jesus poderia estar ordenando que o candidato bebesse a água, ao invés de ser imerso nela (como no caso de quem era batizado por beber um veneno ou a água da fonte de Silene), ou que a mesma fosse aplicada apenas ao seu rosto, como fazia o ator com a borra do vinho. Vê-se que pelo significado da palavra no grego clássico nada pode ser estabelecido quanto à forma do batismo.

Outro problema com a tentativa de estabelecer a imersão, como única forma de batismo, por meio do uso dos termos bapto e baptizo no grego clássico, é que o Novo Testamento não foi escrito em grego clássico, mas no grego koinê, o grego helenístico, a “linguagem do mercado”. Este grego é muito diferente do clássico, muito mais do que o português do Brasil e de Portugal. Como as palavras mudam de sentido com o tempo, no português do Brasil e Portugal algumas palavras tem significados opostos [3]:

“Durex” no Brasil é fita adesiva, em Portugal é “preservativo”;
Se você quiser pedir uma “calcinha feminina” numa loja em Portugal terá que pedir uma “cueca”;
Se quiser ir ao “banheiro” terá que perguntar onde fica o “salva-vidas”;
Se vir um grupo de crianças pode dizer sem medo que são “canalhas”;
E por aí vai. As diferenças entre o grego clássico e o Koiné (o grego usado pelos judeus e pelos povos não-gregos do Império Romano nos dias de Jesus, no qual foi escrito o NT) são as mesmas.

Veja também alguns exemplos de palavras que mudaram de sentido com o tempo:

RIVAL: o sentido original desta palavra é simplesmente para designar habitantes de margens opostas de um rio. Hoje significa contendor.

SALÁRIO: era a quantidade de sal que se dava como pagamento aos trabalhadores. Modernamente, passou a significar ordenado.

QUARTO: esta palavra era usada para determinar a quarta parte. Hoje, as casas tem dois quartos, três quartos e outros cômodos maiores, como a sala, por exemplo.

LENÇOL: Por incrível que pareça, lençol vem do latim “linteolu” e é o diminutivo de lenço.

MARECHAL: etimologicamente significa “o tratador de cavalos”. Entretanto, o seu sentido se enobreceu e o vocábulo indica hoje o mais alto posto do exército.

RESUMINDO:

Os batistas dizem que “batizar é imergir e imergir é batizar”. Isso é verdade? Não no grego clássico, em que, conforme vimos, a palavra tinha sentidos variados. Contudo, mesmo que fosse verdade, isso não provaria nada, pois o grego dos judeus e dos autores do Novo Testamento não era o clássico, mas o koinê. O sentido de uma palavra no grego clássico pode ajudar a esclarecer, mas não pode, jamais, definir o sentido de uma palavra no NT.

(continua)


BIBLIOGRAFIA:

[1] Classic Baptism (An inquiry Into The meaning of the word Baptizo. As determined by the usage of Classical Greek Writers). Veja também seus outros dois livros: Judaic Baptism e Johannic Baptism.

[2] Para ver algumas fontes e exemplos destes usos nos clássicos pode consultar, além do referido livro, este link (em inglês):http://www.benkeshet.com/webhelp_baptism/WebHelp/The_Meaning_of_Baptizo/chpte10_baptizo_old.htm

[3] Adaptado de http://www.recantodasletras.com.br/artigos/382345.

certamente há outras fontes às quais devo algo, mas não me lembro no momento...

Rev. Maurício de Almeida Soares

NAMORO NO CAMARO AMARELO

Um colega me mostrou uma reportagem que despertou meu interesse (Jovem ganha R$ 32 milhões pouco após ser abandonado pela namorada), a reportagem conta a história de um jovem que teve seu namoro terminado pela namorada, aparentemente por ser pobre, e que logo em seguida fica milionário.

Paralelo a este acontecimento, a música da dupla Munhoz & Mariano, intitulada Camaro Amarelo, tem feito bastante sucesso com uma história semelhante, segue abaixo a letra.

Camaro Amarelo
Munhoz & Mariano

Quando eu passava por você,
Na minha CG você nem me olhava.
Fazia de tudo pra me ver, pra me perceber,
Mas nem me olhava.

Aí veio a herança do meu véio,
E resolveu os meus problemas, minha situação.
E do dia pra noite fiquei rico,
To na grife, to bonito, to andando igual patrão.

Agora eu fiquei doce igual caramelo,
To tirando onda de Camaro amarelo.
E agora você diz: vem cá que eu te quero,
Quando eu passo no Camaro amarelo.

E agora você vem, né?
Agora você quer.
Só que agora vou escolher,
Tá sobrando mulher.

***********************************************

A letra desta música conta a estória de um rapaz que só tinha uma moto CG e que a garota que ele gostava não dava bola prá ele. Certo dia ele ganha a herança do pai e fica rico e aí a garota começa a prestar atenção nele.

Achei interessante tocar neste assunto, pois em nossos dias, enfrentamos uma distorção dos valores. Nosso jovens tem buscado basear seu namoro em interesses materiais e não no verdadeiro amor, por isso vou destacar alguns pontos desta canção.

Primeiro, o rapaz gosta da menina sem interesse, e não tem seu amor correspondido devido ao fato da garota não gostar da situação financeira do rapaz. Isto traz uma alerta aos rapazes e as moças, se você está interessado em uma pessoa que não presta atenção em quem você é e sim no que você tem, ela não merece a sua companhia, consequentemente não é uma pessoa que você deve escolher para namorar e para futuramente se casar e passar o resto da vida juntos.

Segundo, a suposta garota da canção aparenta escolher seus namorados observando o que eles possuem, isto serve de alerta aos nossos jovens que estão fundamentando seus relacionamentos no materialismo, ou seja, não ligam para o amor, para a união, para a conversa. Quando você vai escolher uma pessoa para conviver junto, você precisa analisar o que vocês tem em comum, é para isso que serve o namoro, isto não quer dizer que vocês irão concordar em tudo, mas em algum momento entrarão em acordo e definirão suas prioridades. A bíblia chama a nossa atenção quanto ao amor ao dinheiro "Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. (1ª Timóteo 6:10)". Você quer um relacionamento que trará alegrias ou dores?

Terceiro, notamos a questão da vingança, depois que o rapaz ganha o dinheiro e sua situação fica melhor, ele começa a esbanjar, ao invés de andar de CG, agora ele anda de Camaro, e quando a menina demonstra interesse, ele responde dizendo que agora ele pode escolher, porque tá sobrando mulher. Aqui iremos notar uma contradição, antes a insatisfação de um jovem por não escolhê-lo por causa do que ele tem e agora ele esnoba dizendo que tá sobrando mulher baseado no mesmo conceito. É interessante como o fator dinheiro muda o caráter das pessoas. Ele fala que agora ele ficou doce, porque "todos" ou "todas" estão atrás dele e que agora ele pode escolher. Mas porque tá sobrando mulher? Será que o doce que ele desperta o paladar das jovens é o ideal? Será que não está usando da mesma moeda para dar o troco na antiga paixão? Vejamos o que a bíblia diz: "Finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, cheios de amor fraternal, misericordiosos, humildes, não retribuindo mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; porque para isso fostes chamados, para herdardes uma bênção. Pois, quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano; aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a.  (1ª Pedro 3:8-11)"

Concluindo, alerto nossos jovens que tenham sabedoria na hora de escolher seu namorado ou namorada, não escolha pelo que ele tem, mas pelo que ele é. Assim você terá a possibilidade de ter um relacionamento saudável e na presença do Senhor.

Que Deus nos abençoe.

Pb. Erikson F. de Araújo

quarta-feira, 7 de novembro de 2012