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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

TUDO IGUAL? - PAULO CESAR BARUK

ARRANQUE UM OLHO EM 2013


O mês de janeiro tem esse nome em homenagem a um deus da mitologia romana, chamado Janus, que era conhecido por ter duas faces: uma era voltada para trás, para o passado; a outra era voltada para o futuro, para frente. Janus era, assim, a divindade associada às transições. Nesta semana entre o Natal e o ano-novo vivemos novamente uma passagem simbólica do velho para o novo, o ano que se passou e o que está chegando.

A virada do ano é marcada por uma explosão de palavras, emoções, festas e desejos de prosperidade, felicidades, muita paz, muita saúde etc. etc. etc… São chavões e mais chavões a que ninguém parece conseguir resistir. Até entre irmãos na fé vemos essa compulsão de desejar a todos as mesmas “alegrias”.

Mas permita que eu lhe deseje algo completamente diferente. Desejo que você consiga arrancar um olho em 2013. Isso mesmo: que consiga arrancar um olho. Para explicar o que quero dizer, cito as palavras do Nosso Senhor.

Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte- a e lance- a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno.(Mt 5.29)

Ao nos lembrarmos das lutas e das alegrias, das vitórias e das derrotas de 2012, creio que poucos poderão, se forem honestos, lembrar-se do ano sem uma pontada de remorso. Esse não é um pensamento “alto astral”, eu sei. Mas é um fato. Há coisas que preferimos esquecer. Até porque não nos faz bem nos lembrarmos delas. São coisas que dificultaram a nossa caminhada com Deus, que nos levaram a lamentar a nossa condição pecaminosa, coisas que fizemos, falamos ou até pensamos e são indignas de quem se diz discípulo de Cristo.

Essas coisas não podem continuar. Precisamos resistir a elas, estirpá-las da nossa vida. Se deixadas livres e soltas, podem desfazer tudo o que temos por precioso. Objetivamente: são pecados. É certo que vão nos destruir se seguirem livres e desenfreados.

Esses pecados não entram pela pele. Entram por outras vias. Não flutuam no ar, masexistem fora de nós. Afinal, as tentações e os atrativos deste mundo são mediados. Valem-se de veículos para nos alcançar. Por meio de uma avalanche de meios de comunicação se apresentam, se insinuam, chamam e procuram ocupar a nossa mente e se apossar da nossa alma. Fazem com que os nossos ossos adoeçam e com que nos desviemos de uma vida pura e voltada totalmente para aquele que é perfeita luz. É o mundo, com tudo o que esse conceito abrange. É o fascínio mundano. É o mundo de consumo. É o mundo da beleza fascinante. É o mundo do poder. É o mundo da volúpia. É o mundo da celebridade. É o mundo da ganância. É o mundo da vanglória. É o mundo da violência. É o mundo da gula e da bebedice. É o mundo todo que nos invade, como uma onda que nos pega e quer nos levar para o fundo.

Esse mundo só terá poder sobre nós se lograr êxito em achar uma via de entrada. Ou pelos olhos ou pelos ouvidos – o mundo só manifesta o seu poder se lhe damos o direito de entrada. Como nos filmes de vampiro, o vilão só pode entrar pela porta da casa se o dono lhe fizer um convite direto. Após isso, ele entra e mata a vítima com a sua mordida mortal. Do mesmo modo, o mundo só pode nos morder se o convidamos a entrar. E temos feito exatamente isso. Sem nos dar conta do que estamos fazendo, deixamos o mundo invadir nossa vida. Ligamos a televisão e assistimos ao que não convém. Ouvimos as fofocas, lemos as revistas de celebridades, enchemos os nossos olhos com o que é francamente venenoso para a nossa alma. E, no fim, a alma se perde.

Jesus disse que é melhor ficar cego do que perder a alma. É melhor perder o mundo do que perder a alma, que vale mais do que o mundo todo. Qual é o meu desejo para você em 2013? Que feche a porta. Não estenda o convite para o que vai mordê-lo.  Estamos numa transição entre o velho e o novo. É a época do ano em que pensamos nessas coisas. Então, antes que seja tarde, antes que o novo seja apenas a reedição do velho, “arranque um olho” (por assim dizer). Tome uma atitude de desligar algo, cancelar algo, cortar os laços com algo. Pois a sua alma vale mais do que tudo o que você poderá “perder”. Vale muito mais.

Na paz,
+W

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

EM DEFESA DO NATAL



Recentemente tive de ir a um shopping center próximo de minha casa para resolver uma questão. Era por volta de meio-dia e já havia multidões transitando pelos corredores daquele “templo de consumo”. Eu estava distraído e, por isso, não me ocorreu, de imediato, o que estava acontecendo. Subitamente, me dei conta de que estamos no auge do período pré-natalino. Passei por uma estrutura imensa, cheia de luzes e bichinhos de pelúcia. Vi muitas pessoas vestidas de vermelho e branco e, no meio delas, um homem enorme com uma barba branca. A figura é conhecida: o “Papai Noel”. Todos se preparavam para um dia cheio de fotos com as crianças.

Pessoas passavam por mim com as mãos cheias de sacolas. Algumas já estavam cansadas. Outras pareciam realmente contentes, pois tinham conseguido cumprir sua obrigação para com as crianças e os parentes, muitos dos quais estarão na festa natalina da família. “Será que o primo vai comparecer? Também temos de comprar algo para ele”. É a preocupação de muitos – não deixar ninguém de fora, para não fazer feio.

Todo ano surgem as mesmas discussões. As revistas seculares fazem uma reportagem sobre o Jesus histórico. Será que ele realmente existiu? Vão aproveitar a época para fazer aquelas ponderações tão insólitas e repetitivas. Enquanto Hollywood lança uma enxurrada de novos filmes para as crianças, celebrando e lembrando o “espírito do Natal”, nós – os cidadãos deste país tropical – decoramos casas e lojas com imagens de neve, trenós e um homem corpulento e barbudo, vestido de modo adequado para os cantos congelados do hemisfério norte.

Como blogueiro e líder cristão, sou repetidamente interpelado sobre a legitimidade da celebração do Natal. Acontece todo ano. Cristãos citam o fato de a árvore ser um símbolo de uma seita pagã europeia. Lembram que, como cristãos, temos de enfatizar Cristo como a razão do Natal, se bem que ele provavelmente nasceu em agosto. Então, alguns mais estudiosos lembram que a Igreja cooptou a celebração do Sol Invictus, substituindo-a com a celebração do nascimento de Jesus. Alguns até me lembram que Papai Noel, historicamente, se vestia de marrom e só passou a usar vermelho e branco quando a Coca-Cola lançou uma campanha, na primeira metade do século passado, com as cores da sua logomarca.

O ex-presidente John Kennedy disse algo que cabe lembrar: “Queremos que as coisas sejam sempre iguais, mas a História não permite”. O que passou, passou. Não há como reescrever a História da Igreja. Natal virou isso e é assim que vai ser lembrado pela maioria.

O que podemos fazer é uma celebração natalina a mais cristã possível. Digo “possível” porque o circo pegou fogo mesmo e temos de achar uma saída para esta confusão, se é que realmente queremos honrar Deus no meio desta que se tornou uma festa cristo-pagã.

Na minha casa não pomos uma árvore. A verdade é que a decoramos com a coleção de presépios que minha esposa vem juntando há anos. Não trocamos mais presentes (pelo menos não durante o Natal). Temos nos afastado do que praticávamos no passado. Sim, já fiz muitos natais com uma enorme árvore no meio da minha sala, cercada de presentes. Mas Natal se tornou algo mais devocional e precioso para mim e para a minha família.

Na véspera do Natal, nós nos reunimos. A alegria do Senhor enche os nossos corações por estarmos juntos. Após a troca de abraços e palavras de carinho, sentamos. Cantamos hinos de Natal. Não cantamos Toca o sino pequenino, mas canções que a nossa igreja procura trazer de volta ao culto durante o período do Advento (os quatro domingos que antecedem o dia do Natal). Cantamos Noite de Paz; Ó, Vinde, Fiéis e tantos outros que o mundo tirou da Igreja e que tocam no sistema de som do shopping local sem que ninguém saiba do que se trata.

Então, após o nosso louvor, lemos uma das passagens bíblicas que relatam o nascimento do Nosso Senhor. Falamos, cada um, da nossa gratidão a Deus e oramos. É um momento de profunda comoção. É precioso. Depois nos sentamos à mesa e ceamos.

“E as crianças?” Alguém pode até protestar. “Será que elas não “merecem” um Natal de verdade?”.

A resposta é “sim, exatamente”. Quanto mais cedo aprenderem a comemorar o Natal como cristãos, mais cedo aprenderão a não viver como vassalos deste mercado de consumo, a valorizar essa celebração pelo que deveria ser – um período de devoção, gratidão e evangelismo. Dou graças a Deus por meu filho John e a sua esposa, Raquel, que não deixarão meu neto, João Felipe, crescer com a cabeça confundida pela mistura avassaladora da fé em Deus com a fé no consumo.

Não repudio o Natal. Pelo contrário, é uma festa preciosa, que celebramos com amor a Deus e profunda gratidão pelo Salvador, Emanuel – Deus conosco.

Feliz Natal,
+W

JESUS É POP: ENTRE O SACRILÉGIO E O MAU GOSTO


Nós, seres humanos, somos emblemáticos. Isso significa que temos o costume de nos cercar de símbolos que refletem os nossos valores, as nossas experiências e, principalmente, a nossa identidade. Cada tribo tem seus indicadores próprios, que apontam seus integrantes. Cada profissão, clube, credo e fase da vida é prontamente identificada por roupas, adesivos, camisetas, tatuagens e uma pletora de produtos, códigos, estilos e palavras. Os surfistas se apresentam como “brothers”, os militantes de esquerda como “companheiros” e os crentes em Jesus como “irmãos” ou “amados”.

Como evangélicos, fomos pioneiros no hábito de identificar até os nossos automóveis como pertencentes aos crentes. Sim, pois já faz muitos anos que começamos a pôr adesivos nos para-choques e para-brisas. Um hábito que parecia ser mais do mundo dos caminhoneiros passou a ser praticado por todo novo convertido, com o intuito de se identificar como tal. Cristo é meu copiloto; Tudo é força, só Deus é poder; e até o insólito Sou crente dizimista e daí? são adesivos que todos já viram, se não inúmeras vezes, com certeza pelo menos uma vez na vida. Se não fosse o bastante, fizemos escola: agora os católicos adotaram nosso hábito, com adesivos de Nossa Senhora, e até os espíritas têm os seus, como os de São Jorge e os que partem em defesa da reencarnação.

Mas, entre os evangélicos, cada evento, cada campanha e cada aniversário de igreja parece acabar numa camiseta. Já ganhei de presente mais peças de roupa de igrejas aniversariando do que queira me lembrar. Tenho uma pilha, não tenho coragem de me desfazer delas – pois sei o que representam para os que as confeccionaram.

Tenho falado sobre a comodificação da fé (isto é, a transformação dos nossos símbolos em bens de consumo) e a sua inevitável banalização. Não vou repetir os argumentos que já se encontram no meu livro, O Fim de Uma Era. Mas recentemente tenho me deparado com uma nova forma dessa manifestação, supostamente cristã. Só que de cristã não tem nada. Seguindo a linha da cantora Madonna, a nova versão desse tipo de artista, a Lady Gaga, tem usado e abusado de motivos sacros em suas roupas e nos símbolos dos quais se cerca. Tanto a primeira quanto a última praticam uma antiga forma de sacrilégio. Literalmente escracham os símbolos do sagrado. É sua forma de tentar chocar, agredir e se promover. Pois vale o ditado “falem mal mas falem de mim”.

A fama a qualquer preço é o alvo. E nada mais fácil do que apelar para a galera dos revoltados e dos irreverentes. Quem faz isso ainda consegue gerar uma espécie de prazer torpe nos rebeldes de carteirinha. Essa linha de sacrilégio tira do contexto o que é sacro e o perverte. Como pendurar uma cruz no pescoço de um porco ou no de uma mulher nua. Ainda choca. E isso não é fácil. Pois os tabus de outrora já não chocam mais. Temos nos tornado uma cultura bastante calejada. Essa atitude, no entanto, parece ainda preservar um quê de escândalo. E basta um gesto de censura que as tribos pagãs ficam em polvorosa e se lançam em cruzadas contra os “crentes retrógrados” e os seus “representantes hipócritas”, o clero.

Como assisti a esse fenômeno a vida inteira, não me choco mais. É o que é. Especialmente no mundo do entretenimento e das artes, de modo geral, o mundo moderno consegue sustentar um ar de sofisticação denigrindo os símbolos históricos da fé cristã.

Mas o que me choca, de uns tempos para cá, é que os fiéis têm lançado mão dos símbolos cristãos numa escala tão larga e com um mau gosto tão berrante que não consigo mais discernir entre o sacrilégio dos pagãos e o mau gosto dos fiéis. Tenho de olhar duas vezes. Tenho de me perguntar se o cristão que fez aquela camiseta possui uma noção mínima do que realmente é sagrado ou não. Temos nos misturado com os que se deleitam no sacrilégio, por meio da banalização.

Sei que gosto não se discute. Mas posso lamentar o profundo mau gosto de pessoas que não têm a menor noção do quanto estão banalizando o que é realmente importante. Estampar o rosto de Jesus na cruz em uma camiseta é realmente algo que não entendo. Pegar a logomarca de um produto popular e substituir as letras com algo “cristão” é nos pôr no meio do caldo mercantilista mundano. Prefiro usar uma camiseta com uma onda ou o nome de uma loja do que uma que diz Jesus Cristo: isto é o que é. Parece uma piada de mau gosto. É lamentável que, para os que criam esses produtos, a única motivação seja o lucro – faturar às custas de crentes desavisados e com o desejo sincero de tentar cercar suas vidas com algo que exprima a sua devoção.

Difícil discutir isso, não? Então, por hoje, vou me limitar a lamentar o fato.

Na paz,
+W

A ALMA SECA E SEDENTA


O salmo 42 começa com a seguinte frase: “Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus?” Esse salmo não foi escrito por Davi. Ao longo dele, seus autores – os coraítas – repetem: “Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus!”

Estou vivo há mais de cinco décadas. Alguns protestam que ainda sou jovem. Claro que, se Deus assim permitir, tenho ainda muitos anos de vida pela frente. Mas, de uns pouquíssimos anos para cá, tenho me tocado do quanto a vida me deu quando eu era jovem e, inversamente, o quanto a vida vem tirando de mim ao passar de cada ano. Saúde, força, amigos, um certo vigor e outras coisas já não são mais os mesmos. Talvez seja meu jeito melancólico, mas tenho parado e pensado, cada vez mais, sobre como esta vida é um processo de perdas e ganhos, de realizações e frustrações. Quem tem menos de trinta anos não vai entender esse sentimento. Creio que os que têm mais de cinquenta já estão suspirando em concordância.

Numa sociedade que protesta a sua absoluta e constante necessidade de ser original e viver fora dos padrões, é irônico o quanto somos todos tão típicos, previsíveis e “normais”. Quando jovens há tantas coisas que desejamos! Queremos achar o nosso rumo na vida. Queremos ser relevantes. Queremos ser felizes. Queremos uma chance. Queremos que alguém nos leve a sério. Queremos ser amados do jeitinho que somos. Queremos velocidade. Queremos emoções fortes. Queremos barulho, agitação e novidades. Queremos um futuro.

Pouco a frente, passamos a querer outras coisas. Queremos filhos. Queremos transcendência. Queremos respeito. Queremos resolver, e já, as coisas que não funcionam. Queremos que os nossos pais entendam que não somos mais crianças. Queremos que os vizinhos sejam menos barulhentos. Queremos um aumento e uma promoção. Queremos uma boa escola para os filhos e que eles sejam bons alunos. Queremos que nossos filhos não se machuquem. Queremos um rota para o trabalho que não tenha tanto engarrafamento. Queremos um chefe menos difícil. Queremos menos impostos.

Passam mais alguns anos e o que queríamos tivemos, mas estamos começando a perder. Queríamos não ter confiado tanto no amigo que nos traiu. Queríamos não ter sido tão preguiçosos ou irresponsáveis, quando jovens, pois a saúde podia ser melhor do que é. Queríamos ter aprendido espanhol. Queríamos um lugar para morar com menos barulho. Queríamos que os motoristas de ônibus fossem mais gentis. Queríamos que os carros no nosso retrovisor fossem menos apressados, e os que estão à nossa frente fossem menos lentos. Queríamos ter visto o Monte Everest. Queríamos sentir a mesma alegria com as pequenas coisas que sentíamos. Queríamos um plano de saúde mais compreensivo e menos caro. Queríamos poder acreditar em algo. Queríamos que os joelhos não doessem ao sair da cama pela manhã. Queríamos ser tão belos e fortes como fomos “nos velhos tempos”. E ainda queremos ser amados por quem somos. Queremos um sorriso do netinho – ah, isso queremos. Queremos que o nosso ombro pare de doer. Queremos que alguém nos diga que todo este esforço, todo o nosso sacrifício e todas as noites mal dormidas não foram em vão.

Então um dia paramos. Descobrimos que nem tudo o que queremos teremos. A alma se angustia. Oportunidades perdidas, assim como amigos, saúde e o encanto com a vida. E amanhã? Como será? O que antes era algo tão fácil, agora nos dá um certo medo – pegar um avião, enfrentar um desafio, até mesmo atravessar a rua.

Não estou velho. Mas estou chegando lá. E o que me ocorre hoje é que, ao longo da minha vida, sempre houve razões para me angustiar. Isso é certo – uma constante na minha e na sua vida. Os coraítas nos lembram: “Ponha a sua esperança em Deus”.

Sim, o que a alma realmente precisa é de Deus. Só Ele preenche o vazio. Só Ele consola verdadeiramente. Isso não é um chavão, é um fato. Preciso de um toque real do Deus vivo. Algo que mantenha viva a minha alma. Ah! Quantas vezes já estive num sepultamento e alguém chegou para dizer “há males que vêm para o bem”? Dá vontade de dar um tapa na cara desse tão bem-intencionado tolo. Palavras nem sempre ajudam. A alma não precisa ser informada. A alma não precisa de mais informação. Não vai ser uma frase bem bolada noTwitter que vai me animar. A alma tem sede de Deus. Precisa da sua inexplicável e incomparável presença.

Feliz é aquele que entende que o seu problema não é a falta de uma promoção. Feliz é aquele que compreende que não achará profunda paz no nascimento de um filho. Coisas como essas não são más. Certamente são boas. Mas, mesmo as alcançando, sua alma ainda terá sede do que realmente é vital.

Feliz é aquele que não acha que essa perda representa o fim da vida. Feliz é aquele que não se gasta com lamúrias pelos bons e velhos tempos. Feliz é aquele que não tenta perpetuar o que inexoravelmente vai definhar com o passar dos anos.
Dizem que o corpo humano pode sobreviver muitos dias sem comida. Mas sem água não. Sede fala de uma necessidade de primeira ordem. Deus é a nossa maior e constante necessidade. Sem Ele a alma se angustia. Todas as necessidades menores gritam por atenção, a ponto de acharmos que são elas as que realmente importam. Mas, de todas, só uma realmente é vital. Sem Deus, sem beber da fonte, a alma seca, a vida seca e nos tornamos ossos em movimento.

Ó, vem, Senhor, e preenche-me de Ti. Só em Ti acho repouso para a minha alma.

Na paz,
+W

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

IPCN - RETIRO 2013


As inscrições podem ser feitas na secretaria da igreja. O custo da taxa é R$100, para crianças de 6 a 10 anos R$50 e até 5 anos não pagam.

domingo, 2 de dezembro de 2012

QUEM É CULPADO PELA IGREJA?

Esta palavra do Senhor veio a mim: “Que é que vocês querem dizer quando citam este provérbio sobre Israel: ‘Os pais comem uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotam’? Juro pela minha vida, palavra do Soberano Senhor, que vocês não citarão mais esse provérbio em Israel. Pois todos me pertencem. Tanto o pai como o filho me pertencem. Aquele que pecar é que morrerá.” (Ez 18.1-5)

Tenho visto reações variadas e surpreendentes às minhas reflexões desde o lançamento de meu primeiro livro, O Fim de Uma Era, até o post mais recente deste blog. Uns aplaudem, outros discordam, outros me desmerecem e questionam meus motivos. Há ainda os que lançam culpa uns sobre os outros. Tenho falado sobre o estado calamitoso da Igreja dos nossos dias. E, afinal, quem não tem discorrido sobre este tema tão atual e que nos causa tanto sofrimento? Todos têm opiniões formadas sobre o que há de errado com a Igreja e, a partir delas, tecem suas teorias sobre o que nos aconteceu e por que estamos tão distantes do ideal.

Eu lamento que poucos ponderam soluções e se questionam sobre a própria contribuição à confusão que se instaurou. Tenho tentado defender algumas. Mas a maioria se detém na crítica ou parte para apontar os responsáveis por essa tragédia. Muitos acusam os pastores de serem os causadores do mal. “São uns interesseiros”, dizem uns. “São um bando de imprestáveis”, outros se aventuram a denunciar. Já os pastores que conheço lamentam a falta de qualquer tipo de espiritualidade no seu povo, mesmo sendo eles homens íntegros e de oração. Quem sabe o problema não se acha na política eclesiástica? Quem sabe não são as estruturas que nos levam a agir da maneira que agimos?

Creio que o problema é mais simples do que esse. Nós – você e eu – não temos posto em prática as Escrituras. Temos deixado que a nossa espiritualidade viva a reboque do que outros fazem ou fizeram. Claro que há fatores que nos levam a agir assim. Claro que os líderes têm uma parcela de culpa. Mas é igualmente claro que o problema sistêmico que se apoderou da Igreja vem se avolumando ao longo de décadas. Nossos pais e os pais dos nossos pais, assim como nós, foram herdeiros de legados mistos. Legados que passaram de geração a geração coisas boas ou ruins. Pela omissão de alguns dos nossos ancestrais, sim. Pelos pecados de comissão, também, sem dúvida. Mas, podemos realmente dizer que somos as vítimas da história? Eu certamente não vou lançar a “primeira pedra”. Estou no ministério já faz 31 anos. Tenho a minha parcela de culpa. Assumo os meus erros e tenho a clareza de que não sabia o que sei hoje quando comecei. Sei ainda mais: que ainda tenho demais para aprender. E com essa certeza clamo a Deus para que eu possa contribuir para uma solução. Pois ficar paralisado num caldo de análise coletiva não vai nos tirar do atoleiro no qual nos achamos.

Sim, cada um terá de olhar para si e entender que o problema é do coração. Podemos muito bem reclamar de líderes, tal qual Saul, que foi destituído do trono de Israel por Deus devido a seu procedimento. Mas o seu sucessor, Davi, não revidou – embora Saul estivesse resolvido a matá-lo. Ele foi um bom discípulo, mesmo que o seu mestre tenha sido um desqualificado. De igual modo, Samuel pôde ouvir a voz de Deus e ser preparado para um ministério profético extraordinário, embora o seu mestre, Eli, estivesse em franca desobediência a Deus, junto com os seus filhos – que perverteram e praticaram abominações dentro do próprio templo.

É certo que precisamos entender o que nos aconteceu. Mas apontar culpados não ajuda. Temos de olhar para o nosso próprio coração. Cada pastor, cada membro, cada fiel precisa dobrar o seu próprio joelho perante o trono da graça e pedir perdão. Cada um tem de abrir novamente as Escrituras e ser fiel no pouco. Cada um de nós, a partir de agora, ou faz parte da solução ou faz parte do problema.

Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho. (Tg 1.23).

Enquanto muitos estão usando a Bíblia como espelho retrovisor, creio que ela foi escrita para que fosse um espelho pessoal. Está mais do que na hora de nos enxergarmos a nós mesmos e fazer algo a respeito daquilo que vemos. Quanto a mim, estou tentando. Sim, estou tentando.

Na paz,
+W


LEI, GRAÇA E LEGALISMO?