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sexta-feira, 29 de março de 2013

A HISTÓRIA DA PÁSCOA


quinta-feira, 28 de março de 2013

VEGETARIANISMO É BÍBLICO?


segunda-feira, 25 de março de 2013

DEUS É GAY?


Recentemente vi uma foto, em um aplicativo chamado Pinterest, de um rapaz de cabeça raspada e sem camisa que bradava em direção ao céu. O que me chamou a atenção é que em seu peito trazia escrito God is gay, ou Deus é gay. A imagem me causou espécie, claro. Mas, desde então, me pus a refletir sobre ela.

Muitos procuram no Estado uma espécie de reconhecimento. Seja pela obtenção de direitos políticos ou pela sanção dos poderes constituídos, desejam autenticar a sua existência. Essa ânsia de reconhecimento existe, claramente, nos grupos mais diversos, inclusive na própria igreja dos nossos tempos. Queremos bíblias expostas em praças e na entrada de prédios públicos, sabe-se lá por que — como se isso tivesse algum valor. Não tem. Mas muitos percebem a exposição de objetos de cunho religioso em lugares públicos como um tipo de avanço do Evangelho. Só que não é.

Aquele rapaz obviamente não se contenta com um movimento político. Ele quer se afirmar pela declaração do que crê ser a natureza de Deus. Mas Deus não é gay. Nem tampouco é homem, mulher, alto, baixo, branco, negro, de esquerda ou de direita, revolucionário ou conservador. Deus é além. Está acima de tudo. E Ele se revelou. Só que, ao afirmar que Deus é qualquer uma dessas coisas, o que fazemos? Tentamos atribuir legitimidade à nossa identidade, às nossas convicções ou às nossas vindicações. Ao atribuir o que seja a Deus, o que de fato estamos tentando é afirmar da forma mais inquestionável possível o que somos. Pois, afinal, o que há acima de Deus?

O problema é que, ao atribuir ao Senhor a nossa imagem, fazemos violência à sua imagem. Pois sua imagem não se limita à nossa. É certo que as Escrituras dizem que fomos criados à sua imagem e semelhança. Trazemos no cerne da humanidade a imagem de Deus, embora gravemente chamuscada pelo pecado. A violência que praticamos contra essa imagem reside no fato de tentarmos definir Deus pelo que fizemos com essa semelhança. Assim como o filho que trai o pai e depois quer que ele seja culpado pelos seus atos, nós traímos a nossa origem, rejeitando a sua imagem, para, em seguida, atribuirmos o que fizemos ao Criador. É uma falácia repetida ad nausium, geração após geração. E essa falácia é o fundamento de toda idolatria. Pois, ao fazermos Deus à nossa imagem e semelhança, rejeitamos a sua verdadeira imagem. Veja o que Paulo escreveu no primeiro capítulo de sua carta aos romanos:

18 Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, 19 pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. 20 Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; 21 porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se. 22 Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos 23 e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis.
24 Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si. 25 Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.
26 Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. 27 Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão.
28 Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. 29 Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, 30 caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; 31 são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis. 32 Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam.

O texto não poderia ser mais claro. Só não entende quem não quer. Rejeitamos a verdadeira imagem de Deus, que vemos claramente no seu Filho, Jesus Cristo. Não somente lhe devemos honra e glória, mas devoção e reverência. Reverência à sua imagem. Reverência ao seu nome. Reverência à sua Palavra, que é a revelação de quem Ele realmente é. A questão aqui não é se Deus é ou não gay. A questão é que Deus não se parece conosco. Tragicamente, nos parecemos cada dia menos com Ele.

Na paz,
+W

MAS ESTÁ NA BÍBLIA?


domingo, 24 de março de 2013

MARIA DE TODOS NÓS


Muitos fatos inéditos envolvem a escolha do novo Papa da Igreja Católica, eleito semana passada. Primeiro, ele é sul-americano. Segundo, é jesuíta. Terceiro, escolheu o nome Francisco. Eu tremi ao ouvir suas primeiras palavras no posto, pronunciadas no balcão da basílica de São Pedro. Esse homem de 76 anos é o pastor-mor de uma nação de mais de um bilhão de seguidores, espalhados pelos quatro cantos do mundo. A cidadania de cada um não se deve a uma certidão de nascimento, mas sim a uma decisão pessoal, uma confissão de fé. Que fé é essa? Para o mundo, a fé cristã. Para os católicos, a única e verdadeira fé cristã. Para a grande maioria dos evangélicos, uma aberração, a fachada de uma igreja apóstata.

Entrei na minha página da Facebook e expressei um desejo: que Deus guiasse o novo Papa. Assim como oramos por chefes de Estado, conforme a Bíblia nos orienta a fazer, levantei uma oração por esse homem, que assume um fardo inimaginável. Afinal, o seu jugo não será leve. Terá de lidar com a corrupção da cúria do Vaticano e enfrentar o problema de pedofilia entre sacerdotes.

Claro que fiquei um pouco triste quando disse que, entre as suas primeiras tarefas, ele estaria orando para Maria. Esse é o maior muro que divide as duas tradições — católica e protestante —, pelo menos na prática. Para mim, o muro principal é outro. O muro ao qual me refiro vai muito mais fundo e diz respeito a natureza da fé e da salvação (assunto para outro dia). Mas, em todo caso, no conceito evangélico quase universal, o problema com os católicos reside na idolatria de Maria e dos santos.

Não há dúvida de que temos as nossas idolatrias também. Mas, nessa corrida de idólatras, eles estão 1.500 anos na dianteira. E, embora haja razões históricas que levaram a isto, nada desculpa o que acabou sendo abraçado pela nação Católica Romana no que diz respeito à mãe de Jesus.

Só que Maria não é um palavrão. Nem, tampouco, uma entidade do mal.

Sabemos que nos séculos 5 e 6, o culto à divindade Diana foi incorporado pela Igreja de Roma, numa espécie de acomodação cultural. Com isso, as imagens da deusa foram mescladas à pessoa da mãe de Jesus. Assim como o culto ao Sol foi misturado à celebração do nascimento de Jesus — o que levou à criação da festa de Natal —, esse sincretismo criou muita confusão. O resultado é que essa fusão de paganismo e cristianismo gerou aberrações de doutrina.

E não é só isso. Na briga pela doutrina da divindade de Jesus, Maria recebeu o título de “mãe de Deus” e não “mãe de Jesus”. Como diz o ditado popular, a emenda ficou pior do que o soneto. Ao tentar afirmar a divindade de Jesus, acabaram mesclando a humanidade de Maria com o divino. Ao longo dos séculos, a natureza humana, irremediavelmente idólatra, levou a situação de mal a pior, até que surgiu a doutrina de Maria como “corredentora”. Heresia!

Mas Maria não é culpada de nada disso. A jovem judia se submeteu à vontade do Espírito Santo. De fato ela é “bendita entre as mulheres” (Lc 1.42). As gerações a chamaram, e devem continuar a chamá-la, de “bem-aventurada”, pois o Senhor fez grandes coisas em seu favor.

Não devemos adorá-la. Devemos, no entanto, admirar a mãe do nosso Senhor. Não devemos orar para ela, pois Cristo é o único intercessor entre nós e o Pai. Ele nos ensinou a orar diretamente para a primeira pessoa da Trindade. Não precisamos pedir a intercessão da mãe de Jesus, nem tampouco dos mártires de outrora. Podemos entrar na presença do Pai com ousadia, sem a necessidade de que alguém nos represente, senão aquele que é o caminho, Jesus, e que continua a fazer intercessão perpétua em nosso favor, junto com o Espírito Santo (Rm 8).

Não saúdo Maria. Ela faleceu e está com o seu Senhor. Não saúdo também qualquer outro que já tenha partido desta vida. Mas convém que a tenhamos em grande estima. Sua memória é uma inspiração. Não sou filho de Maria. Sou filho de Deus somente, e isso por causa de Jesus.

Com todas essas ressalvas, ouso dizer: Maria ainda é de todos nós.

Na paz,
+W

quinta-feira, 21 de março de 2013

UMA SEGUNDA REFORMA? AVALIANDO AS DECLARAÇÕES INICIAIS DO PAPA FRANCISCO


O novo líder da Igreja Católica, escolhido em um dia considerado por muitos “cabalístico” (13.03.13), já recebeu diversos comentários e reações aos seus primeiros pronunciamentos. Mesmo sendo muito cedo para qualquer análise ou opinião, observamos que todos os segmentos, os dos católicos, evangélicos e até os que se declaram sem religião, estão, por razões diversas, perplexos.

Aqueles com os quais a mídia fez coro, na expectativa da eleição de um Papa que fosse “progressista”, se espantaram com a posição do Dom Jorge Mario Bergoglio, agora Papa Francisco, com relação à união de gays, à questão do homossexualismo como “apenas” uma opção sexual e sobre o aborto. Ele é contra, ponto final! Na esfera política latino-americana, o distanciamento do Papa da tiete chavista Cristina Kirchner e alegados alinhamentos passados com a direita argentina, também fez com que este grupo ficasse não somente eriçado, como igualmente frustrado. Em adição, muitos “sem religião”, que dizem não ligar a mínima para o papado, têm comentado essas posições e declarações do Papa, franzindo o cenho em desaprovação ainda que meio veladamente.

Católicos se espantaram porque ele não colocou, de início, o envolvimento social comoprioridade máxima da Igreja. Em vez disso, contrariou a mensagem que tem soado renitentemente ao longo das quatro últimas décadas, especialmente em terras brasileiras, proclamada pelos politizados “teólogos da libertação”, ou da natimorta “teologia pública”. Ele aparentou priorizar as questões espirituais!

Exatamente por isso, no campo evangélico, chamou atenção a sua declaração de que a missão da Igreja é difundir a mensagem de Jesus Cristo pelo mundo. Na realidade, o Papa disse que se esse não for o foco principal, a Instituição da Igreja Católica Romana tende a se transformar em uma “ONG beneficente”, mas sem relevância maior à saúde espiritual das pessoas! Ei! Disseram alguns evangélicos – essa é a nossa mensagem!!

Bom, não é a primeira vez na história que um prelado católico reconhece que a Igreja tem estado equivocada em seus caminhos e mensagem. Já houve um monge agostiniano que, estudando a Bíblia, verificou que tinha que retornar às bases das Escrituras e reavivar a missão da igreja na proclamação do evangelho, libertando-a de penduricalhos humanos absorvidos através de séculos de tradição. Estes possuíam apenas características místicas, mas nenhuma contribuição espiritual e de vida que fosse real às pessoas. Assim foi disparado o movimento que ficou conhecido na história como a Reforma do Século 16, com as mensagens, escritos e ações de Martinho Lutero, em 1517. Lutero foi seguido por muitos outros reformadores, que se apegaram à Bíblia como regra de fé e prática.

Entendo, portanto, que não seria impossível uma “segunda reforma” dentro da Igreja Católica, se esta declaração inicial do Papa Francisco for levada a sério, por ele próprio e por seus seguidores. É importante lembrar, entretanto, que proclamar a mensagem de Jesus Cristo é algo bem abrangente e sério. Entre outras coisas que poderiam ser mencionada, a Igreja Católica precisaria se definir com coragem nessas cinco áreas cruciais:

1. Rejeitar apêndices aos livros inspirados das Escrituras. Ou seja, assumir lealdade apenas às Escrituras Sagradas, rejeitando os chamados livros apócrifos. Proclamar as palavras de Jesus, nesta área, é aceitar tão somente o que ele aceitou. Em Lucas 24.44, Jesus referiu-se às Escrituras disponíveis antes dos livros do Novo Testamento, como “A Lei de Moisés, Os Profetas e Os Salmos” – essa era exatamente a forma da época de se referir às Escrituras que formam o Antigo Testamento, em três divisões específicas (Pentateuco, livros históricos e proféticos e livros poéticos) compreendendo, no total, 39 livros. Representam os livros inspirados aceitos até hoje pelo cristianismo histórico, abraçado pelos evangélicos, bem como pelos Judeus de então e da atualidade. Ou seja, nenhuma menção ou aceitação dos livros apócrifos, não inspirados, que foram inseridos 400 anos depois de Cristo, quando Jerônimo editou a tradução em Latim da Bíblia – a Vulgata Latina[1]. Evangélicos e católicos concordam quanto aos 27 livros do Novo Testamento, mas essas adições à Palavra são responsáveis pela introdução de diversas doutrinas estranhas, que nunca foram ensinadas ou abraçadas por Jesus e pelos apóstolos. Proclamar a palavra de Jesus ao mundo começa com a aceitação das Escrituras do Antigo e Novo Testamento, e elas somente, como fonte de conhecimento religioso e regra de fé e prática.

2. Rejeitar a mediação de qualquer outro (ou outra) entre Deus e as Pessoas, que não seja o próprio Cristo. Não acatar a mediação de Maria, e muito menos a designação dela como co-redentora, lembrando que o ensino da palavra é o de que “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2.5). Na realidade, a Igreja precisa obedecer até à própria Maria, que ensinou: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (João 2.5); e Ele nos diz: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao pai, senão por mim” (João 14.6). Foi um momento revelador da dificuldade que o Papa tem na aderência a essa mensagem da Bíblia, observar sua homilia pública (angelus) de 17.03.2013. Após falar várias coisas importantes e bíblicas sobre perdão e misericórdia divina, finalizou dizendo: “procuremos a intercessão de Maria”... Não é assim que irá proclamar a palavra de Jesus ao mundo, pois precisa apresentá-lo como único e exclusivo mediador; nosso advogado; aquele que pleiteia e defende a nossa causa perante o tribunal divino.

3. Rejeitar as imagens e o panteão de santos composto por vários personagens que também são alvo de adoração e devoção devidas somente a Cristo. Essa característica da Igreja Católica está relacionada com a utilização de imagens de escultura, como objeto de adoração e veneração; e também precisaria ser rejeitada. Ela contraria o segundo mandamento e desvia os olhos dos fiéis daquele que é o “autor e consumador da fé - Jesus” (Hebreus 12.2). Proclamar a palavra de Jesus ao mundo significa abandonar a prática espúria e humana da canonização de mortais comuns, pecadores como eu e você, em complexos, mas inúteis processos eclesiásticos, que não têm o poder de aferir ou atribuir poderes especiais a esses santos.

4. Rejeitar o ensino de que existe um estado pós-morte que proporciona uma “segunda chance” às pessoas. A doutrina do purgatório não tem base bíblica e surgiu exatamente dos livros conhecidos como apócrifos (em 2 Macabeus 12.45), sendo formalizada apenas nos Concílios de Lyon e Florença, em 1439. Mas Jesus e a Bíblia ensinam que existem apenas dois destinos que esperam as pessoas, após a morte: Estar na glória com o Criador – salvos pela graça infinita de Deus (Lucas 23.43 e Atos 15.11), ou na morte eterna (Mateus 23.33), como consequência dos nossos próprios pecados. Proclamar a palavra de Jesus ao mundo é alertar as pessoas sobre a inevitabilidade da morte eterna, pregando o evangelho do arrependimento e a boa nova da salvação através de Cristo, sem iludir os fiéis com falsos destinos.

5. Rejeitar os “mantras” religiosos, que são proferidos como se tivessem validade intrínseca, como fortalecimento progressivo pela repetibilidade. É o próprio Jesus que nos ensinou, em  Mateus 6.7: “... orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos”. É simplesmente incrível como a ficha não tem caído na Igreja Católica, ao longo dos séculos e, mesmo com uma declaração tão clara contra as repetições, da parte de Cristo, as rezas, rosários, novenas, sinais da cruz etc. são promovidos e apresentados como sinais de espiritualidade ou motivadores de ação divina àqueles que os repetem. Proclamar a palavra de Jesus ao mundo é dirigir-se ao Pai como ele ensina, em nome do próprio Jesus, no poder do Espírito Santo, abrindo o nosso coração perante o trono de graça (Filipenses 4.6).

Confesso que admiro a coragem deste homem, que, enquanto cardeal se pronunciou claramente contra alguns pecados aberrantes que estão destruindo a família e a sociedade. Peço a Deus que dê forças às nossas lideranças evangélicas, e a nós mesmos, para termos intrepidez no interpelar de governantes e da mídia, quando promovem leis e comportamentos que contradizem totalmente os princípios que Deus delineia em Sua Palavra. Estes sempre são os melhores para o bem da humanidade, na qual o povo de Deus (incluindo nossos filhos e netos) está inserido.

Mas quanto a uma possível Segunda Reforma, vou ficar cauteloso e com muitas dúvidas. No momento em que eu testemunhar mudanças, como as que apresentei acima, vou me animar, entusiasmar e bater palmas – talvez ela esteja em andamento! Até lá, entretanto, continuarei triste em ver tantos olhos e esperanças fixados em mitos, misticismo e na pessoa humana, em vez de no Deus único soberano, esperança de nossas vidas, que nos fala em Cristo Jesus, pelo poder do Espírito Santo, que é real e eterno e não temporal como o Papa.

Solano Portela



[1] A Vulgata Latina (382 – 402 d.C.), tradução para o latim, da Bíblia, contém 73 livros (e não 66) além de adições de capítulos em alguns livros do Antigo Testamento, que não constam dos textos hebraicos, nem da Septuaginta (tradução para o Grego, do Antigo Testamento, realizada em torno de 280 a.C.). Estes livros adicionais são chamados de livros apócrifos (duvidosos, fabulosos, falsos). O próprio Jerônimo colocou notas de advertências, quanto à canonicidade e validade dessas adições, mas essa cautela foi suprimida nos séculos à frente. Sua aceitação como escritura canônica, no seio da Igreja Católica, foi formalizada pelo Concílio de Trento, em 1546 d.C. Desapareceu, assim, a compreensão de que aqueles livros estavam ali colocados por “seu valor histórico” ou devocional. É possível que se Jerônimo soubesse, que na posteridade seriam considerados parte integral da Bíblia, provavelmente não os teria incluído em seu trabalho.

terça-feira, 19 de março de 2013

EM DEFESA DA POLÊMICA


Estou num ano sabático. Isso quer dizer que estou restringindo as minhas atividades ao que é apenas essencial, enquanto me dedico a uma pós-graduação há muito tempo inacabada. Separar esse tempo é algo que pus perante Deus em oração. Consultei o Senhor sobre a necessidade de voltar a fazer isso. Em resposta à minha oração, Deus me surpreendeu com o que muitos chamariam de coincidências. Mas foram essas “coincidências” que eu havia pedido a Ele e fortaleceram a minha resolução de seguir essa linha de trabalho. Com que fim faço isso só Deus sabe. A mim cabe obedecer o que percebo ser a sua vontade.

Acabei um pequeno curso sobre a Doutrina da Santíssima Trindade. Embora seja um curso de curta duração, me apresentou um nível de estudo e grau de dificuldade que me surpreenderam. Pensei que entendia o bastante sobre a Trindade e fiz o curso apenas para me ajudar a completar a carga horária total. Qual foi a minha surpresa ao descobrir que algumas das mentes mais brilhantes da história da Igreja se debruçaram sobre o dilema — o de compreender a junção da revelação veterotestamentária sobre a unidade de Deus com a presença clara de três pessoas divinas no Novo Testamento! Levou 400 anos para a Igreja chegar a um consenso mínimo sobre o que viria a significar esse Deus uno e trino. Para minha surpresa, descobri que a Bíblia não contém a Doutrina da Trindade. Isso não quer dizer que a Trindade não esteja presente na Bíblia. Está, e muito claramente. Mas a doutrina é outra coisa. Uma coisa é interagir com a Trindade, ver a Trindade presente nas Escrituras e empregar um sintax Trinitariano no nosso dia a dia (“Ao Pai, em nome do Filho, pelo poder do Espírito Santo”). Outra coisa é entender o que tudo isso realmente significa e não significa.

As primeiras grandes heresias da Igreja nasceram precisamente nesse campo de teologia. Os hereges de antigamente usaram de lógicas e filosofias para especular sobre Deus. E, com um brilhantismo que falta aos nossos hereges atuais, levantaram uma verdadeira ameaça à vitalidade e ao futuro da Igreja. Em defesa da boa leitura das Escrituras surgiram os grandes teólogos da antiguidade: Ireneu, Tertuliano, Atanásio, Basílio de Cesaréia, seu irmão Gregório de Nissa, Gregório Nazianzen (ou de Nazianzus) e o notável Agostinho de Hipona. Ler essas obras antigas e até algumas mais recentes, de autores como Karl Barth e até mesmo Tomás de Aquino, me levou a querer compartilhar sobre o assunto.

Os mais importantes teólogos da Igreja nunca temeram enfrentar o erro abertamente, com todas as letras, e até citando os autores do erro. Como outros após ele, Tertuliano escreveu uma obra chamada Contra Praxeas. Literalmente, ele escreveu contra o que Praxeas havia defendido, deixando claro no próprio título da sua obra que se tratava de um ataque frontal ao homem e à sua teologia. Ele não desmereceu o homem, mas desconstruiu a sua doutrina.

A melhor literatura da história da Igreja vem desses polemistas. Vem de homens que não se limitaram a afirmar a sua fé. Fizeram isso no contexto do confronto entre a sua confissão e o que percebiam claramente serem erros de doutrina, até mesmo heresias.

A polêmica é malquista em nossos dias. É vista como um pecado contra a paz da Igreja. Melhor não entrar no mérito. Melhor não levantar conflito. Melhor não comprar uma briga. Melhor apenas deixar o dito pelo não-dito. Melhor sermos todos um pouco mais civilizados e “cristãos”. Mas os antigos viam que, onde houvesse a propagação de um erro sem que houvesse quem o combatesse, não poderia haver paz. Amavam tanto as Escrituras e o Deus que as inspirou que viram na defesa delas a própria defesa do povo de Deus.

Bons polemistas não se limitam a dizer que A, B, ou C estão errados. Os bons explicam o erro. Mostram a sua falência. Desmontam sofismas. Descontroem heresias. E, depois, abrem as Escrituras para, à luz delas, explicar o que é a verdade. Polêmica não é a culpa de quem denuncia e confronta. É a atividade necessária e urgente de quem ama a verdade, ama Deus e ama o povo de Deus. Pois, sem o polemista, o erro prospera, se alastra e, finalmente, envenena mortalmente.

Na paz,
+W

sexta-feira, 15 de março de 2013

PEDRO, PAULO E FRANCISCO

A renúncia do papa Bento XVI e a eleição do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio para substituí-lo trazem à tona, mais uma vez, a questão da reivindicação da Igreja Católica de que o papa é o legítimo sucessor do apóstolo Pedro como cabeça da Igreja de Jesus Cristo aqui na terra. Francisco se senta no trono de Pedro. Então, tá.

Obviamente, a primeira questão a ser determinada é se o apóstolo Pedro, de alguma forma, teve algum trono, se ele foi uma espécie de papa da nascente igreja cristã no século I e se ele deixou sucessor, que por sua vez, nomeou seu próprio sucessor e assim por diante, até chegar, de Pedro, a Francisco. Eu digo “primeira questão” não somente por causa da sequência lógica da discussão, mas por causa da sua importância. Tanto católicos quanto protestantes tomam as Escrituras Sagradas como a Palavra de Deus. Portanto, é imprescindível que um conceito de tamanha importância como este tenha um mínimo de fundamento bíblico. Mas, será que tem?

É verdade que Cefas, também chamado de Simão Pedro, foi destacado pelo Senhor Jesus em várias ocasiões de entre os demais discípulos. Ele esteve entre os primeiros a serem chamados (Mt 4:18) e seu nome sempre aparece primeiro em todas as listas dos Doze (Mt 10:2; Mc 3:16). Jesus o inclui entre os seus discípulos mais chegados (Mt 17:1), embora o “discípulo amado” fosse João (Jo 19:26). Pedro sempre está à frente dos colegas em várias ocasiões: é o primeiro a tentar andar sobre as águas indo ao encontro de Jesus (Mt 14:28), é o primeiro a responder à pergunta de Jesus “quem vocês acham que eu sou” (Mt 16:16), mas também foi o primeiro a repreender Jesus afoitamente após o anúncio da cruz (Mt 16:22) e o primeiro a negá-lo (Mt 26:69-75). Foi a Pedro que Jesus disse, “apascenta minhas ovelhas” (Jo 21:17). Foi a ele que o Senhor disse, “quando te converteres, fortalece teus irmãos” (Lc 22:32). E foi a ele que Jesus dirigiu as famosas palavras, “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus” (Mt 16:18-19).

Apesar de tudo isto, não se percebe da parte do próprio Pedro, dos seus colegas apóstolos e das igrejas da época de Pedro, que ele havia sido nomeado por Jesus como o cabeça da Igreja aqui neste mundo, para exercer a primazia sobre seus colegas e sobre os cristãos, e para ser o canal pelo qual Deus falaria, de maneira infalível, ao seu povo. Ele foi visto e acolhido como um líder da Igreja cristã juntamente com os demais apóstolos, mas jamais como o supremo cabeça da Igreja, sobressaindo-se dos demais.

Para começar, o apóstolo Paulo se sentiu perfeitamente à vontade para confrontá-lo e repreendê-lo publicamente quando Pedro foi dissimulado em certa ocasião para com os crentes gentios em Antioquia (Gl 2:11-14). O apóstolo Tiago, por sua vez, foi o líder maior do Concílio de Jerusalém que definiu a importante questão da participação dos gentios na Igreja, concílio este onde Pedro estava presente (Atos 15:1-21). E quando uma decisão foi tomada, ela foi enviada em nome dos “apóstolos e presbíteros” e não de Pedro (Atos 15:22). Os judeus convertidos, líderes da Igreja de Jerusalém, e que achavam que a circuncisão era necessária para os gentios que cressem em Jesus, não hesitaram em questionar Pedro e confrontá-lo abertamente quando ele chegou a Jerusalém, após ouvirem que ele tinha estado na casa de Cornélio, um gentio. E Pedro, humildemente, se explicou diante deles (Atos 11:1-3). Os crentes da igreja de Corinto não entenderam que Pedro estava numa categoria à parte, pois se sentiram a vontade para formarem grupos em torno dos nomes de Paulo, Apolo e do próprio Pedro, não reconhecendo Pedro como estando acima dos outros (1Cor 1:12).

O apóstolo Mateus, autor do Evangelho que carrega seu nome, não entendeu que a promessa de Jesus feita a Pedro, de que este receberia as chaves do Reino dos céus e o poder de ligar e desligar (Mt 16:18-19), era uma delegação exclusiva ao apóstolo, pois no capítulo seguinte registra as seguintes palavras de Jesus, desta feita a toda igreja:
Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus (Mat 18:15-18 - itálico adicionado para ênfase). 
É muito instrutivo notar a maneira como o apóstolo Paulo via Pedro, a quem sempre se refere como Cefas, seu nome hebraico. Paulo o inclui juntamente com Apolo e a si próprio como meros instrumentos através dos quais Deus faz a sua obra na Igreja (1Cor 3:22). Se Paulo tivesse entendido que Pedro era o líder máximo da Igreja, não o teria citado por último ao dar exemplos de líderes cristãos que ganhavam sustento e levavam as esposas em missão (1Cor 9:4-5). Ele reconhece que Cefas é o líder da igreja de Jerusalém, mas o inclui entre os demais apóstolos (Gl 1:18-19) e ao mencionar os que eram colunas da igreja deixa Cefas em segundo, depois de Tiago (Gl 2:9). E em seguida narra abertamente o episódio em que o confrontou por ter se tornado repreensível (Gl 2:11 em diante). Bastante revelador é o que Paulo escreve quanto ao seu próprio chamado: “aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão também operou eficazmente em mim para com os gentios” (Gal 2:6-8). Por estas palavras, Paulo se considerava tão papa quanto Pedro!

Nem mesmo Pedro se via como um primus inter pares, alguém acima dos demais apóstolos. Quando entrou na casa de Cornélio para pregar o Evangelho, o centurião romano se ajoelhou diante dele em devoção. Pedro o ergue com estas palavras, “Ergue-te, que eu também sou homem” (Atos 10:26). Pedro reconhece humildemente que os escritos de Paulo são Escritura inspirada por Deus, esvaziando assim qualquer pretensão de que ele seria o único canal inspirado e infalível pelo qual Deus falava ao seu povo (2Pedro 3:15-16). E claramente explica que a pedra sobre a qual Jesus Cristo haveria de edificar a sua igreja era o próprio Cristo (1Pedro 2:4-8), dando assim a interpretação final e definitiva da famosa expressão “tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. A “pedra” referida pelo Senhor era o próprio Cristo.

Em resumo, ninguém no século I, ninguém mesmo, nem o próprio Pedro, entendeu que Jesus tinha dito a ele que ele era a pedra sobre a qual a Igreja cristã seria edificada. E nunca esta Igreja tomou medidas para achar um substituto para Pedro após a sua morte.

E isto introduz a segunda questão, que é a sucessão de Pedro. Creio que basta reproduzir aqui as palavras do próprio Pedro com relação à preservação do seu legado após a sua morte. Na sua segunda epístola ele faz menção de que tem consciência da proximidade de sua morte e que se esforçará para que os cristãos conservem a lembrança do Evangelho que ele e os demais apóstolos pregaram. E de que forma? Não apontando um sucessor para conservar este Evangelho como um guardião, mas registrando este Evangelho nas páginas sagradas da Escritura – é por isto que ele escreveu esta epístola. Confira por você mesmo:
Por esta razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas, embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados. Também considero justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com essas lembranças, certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou.
Mas, de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo.
Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
Ora, esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo. Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração, sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo (2Pedro 1:12-21 - itálico adicionado para ênfase).
Qual foi o esforço que Pedro fez para que, depois de sua partida deste mundo, os cristãos conservassem a lembrança do Evangelho, conforme sua declaração acima? Pedro deixa seu legado nas cartas que escreveu, e que ele considera suficientes para manter os cristãos relembrados de tudo que ele e os demais apóstolos ensinaram. Não há a menor noção de um substituto pessoal, alguém que tomasse seu lugar e transmitisse a outros sucessores o tesouro da fé cristã. Não foi à toa que a nota central da Reforma foi a rejeição do papado e o estabelecimento das Escrituras com sendo a única e infalível fonte de revelação divina.

Não questiono que Francisco seja o legítimo sucessor de Bento, como líder da Igreja Católica. O que não vejo é qualquer fundamento bíblico para aceitar que Pedro tenha sido papa e que Francisco é seu legítimo sucessor.

Rev. Augustus Nicodemus

quinta-feira, 7 de março de 2013

LAMA E VÔMITO - O QUE ACONTECEU COM A IGREJA?

O post de hoje é muito simples. Convido você a ler as palavras do grande apóstolo Pedro, registradas na sua segunda carta, capítulo 2:

1 No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.
2 Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade.
3 Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda.
4 Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo- os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo.
5 Ele não poupou o mundo antigo quando trouxe o Dilúvio sobre aquele povo ímpio, mas preservou Noé, pregador da justiça, e mais sete pessoas.
6 Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo- as a cinzas, tornando- as exemplo do que acontecerá aos ímpios;
7 mas livrou Ló, homem justo, que se afligia com o procedimento libertino dos que não tinham princípios morais
8 (pois, vivendo entre eles, todos os dias aquele justo se atormentava em sua alma justa por causa das maldades que via e ouvia).
9 Vemos, portanto, que o Senhor sabe livrar os piedosos da provação e manter em castigo os ímpios para o dia do juízo,
10 especialmente os que seguem os desejos impuros da carne e desprezam a autoridade. Insolentes e arrogantes, tais homens não têm medo de difamar os seres celestiais;
11 contudo, nem os anjos, embora sendo maiores em força e poder, fazem acusações injuriosas contra aqueles seres na presença do Senhor.
12 Mas eles difamam o que desconhecem e são como criaturas irracionais, guiadas pelo instinto, nascidas para serem capturadas e destruídas; serão corrompidos pela sua própria corrupção!
13 Eles receberão retribuição pela injustiça que causaram. Consideram prazer entregar- se à devassidão em plena luz do dia. São nódoas e manchas, regalando- se em seus prazeres, quando participam das festas de vocês.
14 Tendo os olhos cheios de adultério, nunca param de pecar, iludem os instáveis e têm o coração exercitado na ganância. Malditos!
15 Eles abandonaram o caminho reto e se desviaram, seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o salário da injustiça,
16 mas em sua transgressão foi repreendido por uma jumenta, um animal mudo, que falou com voz humana e refreou a insensatez do profeta.
17 Esses homens são fontes sem água e névoas impelidas pela tempestade. A escuridão das trevas lhes está reservada,
18 pois eles, com palavras de vaidosa arrogância e provocando os desejos libertinos da carne, seduzem os que estão quase conseguindo fugir daqueles que vivem no erro.
19 Prometendo- lhes liberdade, eles mesmos são escravos da corrupção, pois o homem é escravo daquilo que o domina.
20 Se, tendo escapado das contaminações do mundo por meio do conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, encontram- se novamente nelas enredados e por elas dominados, estão em pior estado do que no princípio.
21 Teria sido melhor que não tivessem conhecido o caminho da justiça, do que, depois de o terem conhecido, voltarem as costas para o santo mandamento que lhes foi transmitido.
22 Confirma- se neles que é verdadeiro o provérbio: O cão volta ao seu vômito e ainda: A porca lavada volta a revolver- se na lama.

Se, hoje, seu desejo for viver uma vida reta e justa perante Deus, não há como evitar viver de alma aflita. O que 2 Pedro 2 descreve é um cenário que se repete, em nossos dias — e no próprio seio da Igreja: festas, sensualidade, heresias, ganância, devassidão, difamação e desprezo por autoridade, regalando-se em prazeres. Enfim, o mundanismo está poluindo o Corpo de Cristo. Quantos cristãos não voltaram para a lama e para o seu vômito de outrora? Como cães e porcos, agimos como se nunca tivéssemos conhecido o Mestre, que tudo perdoou na cruz. Deus não tardará em visitar o seu povo com juízo. Que todos os que ainda se veem de coração tenro para com as coisas de Deus e o mover do Espírito chorem. Os anjos choram. E, enquanto os verdadeiros discípulos se calam, até as pedras clamam por santos de joelhos.

Na paz,
+W